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quarta-feira, 25 de novembro de 2009

Colecionador atrai jovens artistas para reality show no Reino Unido

25/11/2009 - 12h30

Colecionador atrai jovens artistas para reality show no Reino Unido

JOAQUÍN RÁBAGO
da Efe, em Londres

Os jovens aspirantes a se tornarem a nova descoberta do publicitário e colecionador Charles Saatchi podem não saber desenhar, mas sonham com o estrelato que só esse mecenas britânico de origem iraquiana pode lhes proporcionar.

Divulgação
A BBC acaba de estrear um novo reality show batizado de "School of Saatchi" (a escola de saatchi, em tradução livre), no qual um grupo de jovens --alguns formados em escolas de arte e desenho; outros, autodidatas -- tentam sair do anonimato com a ajuda do homem que lançou as carreiras internacionais de Damien Hirst e Tracey Emin, entre outros.

Uma das provas do primeiro programa, transmitido na última segunda-feira (23), consistiu em desenhar um modelo nu, como se fazia antigamente nas escolas de Belas Artes, e o resultado na maioria dos casos foram simples rabiscos cuja falta de capricho foi explicada pelos participantes com as mais variadas desculpas.

O publicitário e colecionador Charles Saatchi está por trás de um
reality show de arte que estreou na última segunda no Reino Unido

Não faz diferença; o importante é saber explicar por que um apito pendurado por uma barra é arte, assim como, por exemplo, o famoso mictório do pioneiro da arte conceitual, Marcel Duchamp.

A fórmula utilizada pelos criadores de "School of Saatchi" é similar à de outros programas de televisão de busca de "talentos", como "O Aprendiz", só que o colecionador não se deixa aparecer, usando uma colaboradora como porta-voz.

Enquanto isso, na presença das câmeras, um grupo de especialistas escolhido por Saatchi --Tracey Emin, o crítico Matt Collins, a diretora da galeria do centro Barbican, Kate Bush, e o colecionador e multimilionário Frank Cohen --avalia os diferentes trabalhos.

No primeiro programa, os 12 participantes inicialmente selecionados ficaram reduzidos à metade. O vencedor fará parte de uma exposição coletiva de Saatchi na galeria Ermitage de São Petersburgo (Rússia) e terá um estudo que o mecenas porá a sua disposição em Londres.

Neste episódio inicial, os telespectadores foram lembrados que, graças a Saatchi, alguns artistas alcançaram "riqueza e fama extraordinárias", experiência que agora será repetida com outros.

"Saatchi é uma espécie de criador de reis e seu mecenato pode lançar a carreira de um artista a um estrelato supersônico", explicou Collins em um tom de exagerada adulação.

Um dos participantes do programa, de origem asiática, se apresentou à disputa acompanhado por seu pai, que não conseguiu esconder seu orgulho ao saber que sua cria tinha superado a primeira prova.

Outro dos jovens, que não teve a mesma própria sorte, exibiu uma instalação formada por um círculo de cadeiras caídas. Quando os juízes o perguntaram por que achava que isso era arte, se limitou a balbuciar: "Meu trabalho é uma tentativa de, bem, filtrar as imagens e a experiência por este processo de experiência humana".

Não é de se estranhar que, diante de tal ininteligível verborragia, até mesmo Tracey Emin, a artista que transformou sua própria cama por fazer em uma obra de arte, perdesse a paciência e dissesse nunca ter ouvido tamanha asneira em toda sua vida.

E o que o próprio Saatchi vai conseguir com tudo isso? Alguns dizem que se trata de recuperar a influência que parece ter perdido na última década, durante a qual aquele que já foi a figura mais poderosa da arte contemporânea britânica caiu do 14º lugar para o 72º na lista dos personagens mais influentes da arte mundial elaborada anualmente pela revista "ArtReview".


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