Exposição em São Paulo faz balanço da arte construtiva no Brasil
EUCLIDES SANTOS MENDES
DE SÃO PAULO
Com obras de Max Bill, Almir Mavignier e Alexandre Wollner, a mostra "60 Anos de Arte Construtiva no Brasil" (Dan Galeria, em São Paulo, até 30/10) avalia o impacto do construtivismo na formação da arte moderna brasileira.
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De acordo com o crítico Paulo Sergio Duarte, "a arte construtiva, ou construtivismo, surge na Rússia revolucionária, entre 1918 e 1934, e procura unir as mais avançadas pesquisas estéticas da época à arquitetura e ao design, desde móveis, máquinas, utensílios até a indumentária; é particularmente relevante sua contribuição ao design gráfico".
Fundador da Escola Superior da Forma de Ulm, na Alemanha, o principal centro da arte concreta europeia, e considerado o introdutor desta vertente no Brasil, o artista plástico suíço Max Bill (1908-94) tornou-se uma referência desde que chegou ao país, há 60 anos. Para Duarte, "a presença de Bill e de suas obras num país do Terceiro Mundo, em 1950, funcionou muito mais como avalista de ideias em curso e acelerou processos que deram uma nova densidade à arte moderna no Brasil". Duarte avalia que a exposição do suíço, em 1950, no Masp, "foi muito importante para acelerar um processo que já estava em constituição no Brasil e que tomou formas visíveis em São Paulo e no Rio de Janeiro, com a constituição de grupos que se afinaram com os mesmos princípios básicos".
Artistas como Alexandre Wollner e Almir Mavignier foram diretamente influenciados por Bill e pelo que ele trouxe de novidade ao país: o construtivismo. Segundo o crítico Lorenzo Mammì, a arte construtiva "lida com a estrutura das imagens, independentemente de um referente exterior ou da expressão de um sentimento determinado".
A ligação de Bill com Wollner e Mavignier completa-se em Ulm, onde os dois últimos estudaram. "Mavignier chegou a ser diretor da escola e desenvolveu toda sua carreira na Europa. Wollner voltou e foi determinante para o desenvolvimento de um design moderno no Brasil", diz Mammì.
“Vivemos graças ao caráter superficial de nosso intelecto, em uma ilusão perpétua. Para viver necessitamos da arte a cada momento, nossos olhos nos retêm formas, se nós mesmo educarmos gradualmente esse olho, veremos também reinar em nós uma força artística, uma força estética”. Nietzsche
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