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domingo, 25 de maio de 2008

0039. Introdução a Perspectiva Artística

Introdução a Perspectiva Artística

A palavra é originária do latim perspicere: ver perfeitamente. É a arte que ensina a representar sobre uma superfície bidimensionais objetos distanciados, aparentemente, do espectador, e a maneira como são vistos tais objetos.
A perspectiva pode ser linear, ou aérea. A chamada linear analisa os efeitos da distância sobre o tamanho e a forma dos objetos; a aérea trata das modificações sofrida pela cor e pelo contorno dos objetos, á distância.
Se bem que a perspectiva seja utilizada a comumente em Pintura, arte bidimensional por excelência, é por vezes aplicado também ás artes tridimensionais. Assim, algumas colunas do Partenon não são verticais, mas oblíquas, e isso por questões de perspectiva.
Dizem quando começou a ser praticada a perspectiva é problema dos mais controversos: os primitivos e as crianças sempre representaram os objetos sem qualquer preocupação com a sua distância aparente, deste o ângulo de visão do observador. Em estágio bastante recuado de civilização, porém, vêem-se artistas que representam os objetos em diferentes níveis, os mais afastados sobre os mais próximos, pois assim lhes ensinou a observação da natureza. A diminuição do tamanho com recuo no espaço aparecem mais tardiamente, já que muitos artistas, ainda no séc. XV aumentam ou diminuem o tamanho de um objeto ou de um personagem, de acordo com a sua importância no quadro.
Um dos primeiros tratados sobre a perspectiva foi decerto, o de Agatargo de Antenas, escrito no séc. V a.C. De acordo com Vitrúcio, foi ele o primeiro artista a desenhar cenários para representações teatrais, o que explica muita bem sua preocupação com a perspectiva. Em Pompéia, muitos murais são executados de acordo com as leis da perspectiva paralela, que alcançou grande prestígio em Roma.
A idade média desconhece as perspectivas matemáticas, que virá a ser estudada mais tarde, na Renascença, por artistas como Paolo Ucello, Leonardo da Vinci, Piero della Francesca, Albrecht Durer.

Muitas pinturas de tal época são verdadeiras tratadas de perspectiva e claramente refletem a ingênua alegria que experimentaram os pintores, á medida em que penetravam em seus segredos (Carlo Criveli, “A Anunciação”).

Na Renascença, a perspectiva central começa a se impor, enquanto a perspectiva angular e obliqua conhecerão desenvolvimento tardio; a última começa mesmo a ser utilizada apenas recentemente, como conseqüência do desenvolvimento arquitetônico alcançado no séc. XX.

Com Cézanne, a perspectiva penetra em novo estágio de sua longa história: estágio de franca decadência, já que os pintores, a partir de então tem encarado a perspectiva como estranha á Pintura, não raro banindo-a de suas obras. De resto, a abolição do motivo, tendência da arte contemporânea de cunho abstrato, não deixou vez para a perspectiva, quer a linear, quer a aérea.
No Oriente, ainda hoje os artistas utilizam uma perspectiva que se aproxima bastante de modelos rudimentares, por questões justamente de tradição। A perspectiva aérea, porém, é por eles finalmente trabalhada.


“Nada é mais real do que o nada”.
(Samuel Beckitt)।


“Jamais poderíamos usar o lado de dentro de uma xícara sem o lado de fora. O interior e o exterior são um só”.
(Alan Watts)।



“Na minha maneira de pensar, a expressão não consiste na paixão refletida num rosto humano ou traída por um gesto violento. Todo o arranjo de minha pintura é expressivo. O lugar ocupado pelas figuras ou objetos, os espaços vazios em torno deles, as proporções, tudo desempenham um papel”.
(Henri Matisse)


Talvez você compreenda melhor o plano de imagem se perceber que a fotografia derivou do desenho. Antes da invenção da fotografia, os artistas geralmente compreendiam e usavam o conceito do plano de imagem. É possível imaginar a animação (e talvez o espanto) dos artistas ao verem que a fotografia conseguia captar um objeto tridimensional num plano de imagem em questão de instantes - “imagens que o artista levaria horas dias ou até semanas para reproduzir desenhando. Os artistas, depostos do cargo de registradores da imagem realista”, começaram a explorar outros aspectos da percepção, como os efeitos da luz (impressionismo). Depois de estabelecida a fotografia, o conceito do plano de imagem passou a ser menos necessário e começou a desaparecer.
“Enxergar meramente, portanto, não basta. É necessário ter um contato físico, vivido e recente com o objeto a ser desenhada através da maior quantidade de sentidos possíveis-especialmente através do sentido do tato”.

(Kimon Nicolaides).

Esvaziar a mente de todos os pensamentos e preencher o vazio com um espírito maior do que si mesmo é estendê-la a um âmbito inacessível através dos processos convencionais da razão”.
(Edward Hill).

“O desenvolvimento de um observador pode dar a uma pessoa considerável acesso á observação, de diferentes estado de identidade, e um observador externo podem, muitas vezes, inferir diferentes estados de identidade, mas a pessoa que não desenvolveu muito bem a função de observador jamais pode notar as muitas transições de um estado de identidade para outro”.
(Charles T. Tart).

“A arte é uma forma de consciência supremamente delicada (...) que significa unidade, o estado de estar-se unificando com o objeto (...) a imagem inteira deve sair do interior do artista (...) é a imagem que vive na consciência, viva como uma visão, mas desconhecida”.
(D।H. Lawrence, escritor inglês, falando dos seus quadros).



“Na época em que a criança é capaz de desenhar algo mais que rabiscos, ou seja, por volta dos três ou quatro anos de idade, um conjunto de conhecimentos conceituais, já bem estabelecidos e formulados em termos verbais, domina sua memória e controla seu trabalho gráfico (...) Os desenhos são exposições gráficas de processos essencialmente verbais। Á medida que uma educação essencialmente verbal passa a dominar, a criança abandona seus esforços gráficos e passa a depender quase inteiramente de palavras। A linguagem primeiro estraga o desenho e, depois, engole-o completamente”.
(Karl Buhler, 1930)।


“A partir da nossa infância, aprendemos a ver as coisas em termos de palavras: damos-lhes nomes e ficamos sabendo de fatos a seu respeito. O sistema verbal esquerdo, que domina, não quer informações em demasia sobre sas coisas que percebe - apenas o suficiente para reconhecer e categorizar. Parece que uma de suas funções é fazer uma triagem de uma grande proporção de percepção contextual. Isto é um processo necessário e que funciona muito bem para nós quase o tempo todo, permitindo-nos concentrar a nossa atenção. O hemisfério esquerdo do cérebro, neste sentido, aprende a dar uma olhadela de relance a dizer”; “Certo, aquilo é uma cadeira (ou um guarda-chuva, pássaro, árvore, cachorro etc.)”.
Mas, para desenhar, é necessário que você olhe para o que pretende desenhar durante um tempo prolongado, percebendo vários detalhes e a maneira de se encaixarem, registrando a maior quantidade de informações que lhe for possível o ideal é que registre tudo, conforme Albrecht Dürer parecia estar tentando
(ver a figura estudo para São Jerônimo)

“O pintor que tentar representar a realidade deve transcender suas próprias percepções. Deve ignorar ou suplantar os próprios mecanismos que, em sua mente, criam objetos a partir de imagens (...) O artista, como o olho, deve oferecer imagens verdadeiras e as indicações de distância para transmitir sua mentira mágica”.

(Colin Blakemore)



Inicialmente as crianças parecem ter um senso de composição quase perfeito, que perdem durante a adolescência e só recuperam á custa de muito estudo. Acredito que o motivo para isto é que as crianças mais velhas concentram suas percepções em objetos separados, existentes num espaço indiferenciado, ao passo que as menores constroem um mundo conceitual estanque, limitado pelas margens do papel. Para as mais velhas, as margens do papel parecem quase inexistentes, uma vez que não existem margens no espaço real e aberto.

(Betty Edwards)



“Descontente com suas próprias realizações e extremamente desejoso de agradar aos outros com sua arte ele tende a desistir da criação original e da expressão pessoal...” O desenvolvimento ulterior de seu poder de visualização e até mesmo sua capacidade de pensamento original e de relacionar-se com o seu ambiente através de seus sentimentos pessoais podem ser bloqueados nessa época. Trata-se de estágio crucial, que muitos adultos não chegaram a ultrapassar “.

(Miriam Lindstron)”



“Sei perfeitamente bem que somente em afortunados instantes tenho a sorte de me abandonar em meu trabalho. O pintor-poeta sente que sua verdadeira essência imutável advém daquela esfera invisível que lhe oferece uma imagem da realidade eterna... Sinto que não existe no tempo, mas que o tempo existe em mim. Posso também perceber que não é me dado resolver o mistério da arte de forma absoluta. Não obstante, chego quase a crer que estou preste a colocar as mãos no divino”

(Carlo Carra)




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