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domingo, 8 de junho de 2008

Arte e Realidade

ARTE E REALIDADE

Velázques dizia que não pintava uma rosa, mas um borrão que se parecia com uma rosa. Acho que, na civilização das imagens em que vivemos hoje, essa questão é ainda mais escamoteada. A ilusão das imagens está mais verossímil do que nunca.

(Waltércio Caldas Jr., artista plástico brasileiro, na folha de S. Paulo, de 15 de fev. 1997).

Nos capítulos anteriores, falamos a respeito da relação existente entre arte e ciência e de como, aos poucos, a arte foi adquirindo um estatuto de verdade e de expressão da vida. Abordamos também as relações entre produção artística e poder, procurando evidenciar a influência e importância da arte na transmissão de suas mensagens ao público, o que fez dela alvo dos governos estabelecidos para coloca-la a seu favor, ou para reprimi-la. Vamos agora tratar das relações que a expressão artística mantém com a realidade e que fazem dela fonte de conhecimento e informação.
Há uma história, quase uma anedota, atribuída ao pintor belga René Magritte, segundo a qual, certa vez, tendo pintado a figura de uma mulher em cor de verde e, tendo mostrado sua obra a um crítico, ouviu-o dizer: “Não existem mulheres verdes”. Ao que Magritte respondeu: “Mas não é uma mulher, é uma pintura”. Fato semelhante é atribuído a qual teria ouvido alguém dizer nunca ter visto um cachimbo como aquele. Picasso teria respondido também: “Não é um cachimbo, é uma pintura”.
Com tais respostas semelhantes, esses pintores estavam preocupados em mostrar que, embora a arte, desde o Renascimento, tenha buscado criar imagens parecidas com o mundo que vemos à nossa volta, a natureza da criação artística é única, não podendo se confundir com a realidade que a inspira. A pintura de Picasso remetia o espectador a um cachimbo mas recusava-se a ser uma cópia desse mesmo cachimbo. Assim, os artistas procuravam se libertar da função secular de ilustrar os fatos e os acontecimentos, descrevendo-os de forma precisa, de maneira a torna-los conhecidos por todos. Para isso desenvolviam uma verdadeira mimese, ou seja, reprodução a mais precisa possível da aparência visível do mundo.



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