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quarta-feira, 22 de setembro de 2010

Exposição no Masp faz retrospectiva da pintura alemã contemporânea

19/09/2010 - 08h00

Exposição no Masp faz retrospectiva da pintura alemã contemporânea

EUCLIDES SANTOS MENDES
DE SÃO PAULO

A exposição "Se Não Neste Tempo - Pintura Alemã Contemporânea (1989-2010), no Masp até 9 de janeiro, traz a primeiro plano uma das mais importantes produções da arte contemporânea mundial. Em entrevista ao caderno Ilustríssima, Teixeira Coelho, curador da mostra ao lado de Tereza de Arruda, avalia que "todas as tendências estão ali, do figurativo ao abstrato, do pós-pop 'malpintado' ao perfeccionismo técnico radicalmente complexo, do hiper-realismo ao devaneio poético".

A mostra adota 1989 como linha de ruptura, cujo significado não é puramente político (com a queda do Muro de Berlim e a consequente reunificação da Alemanha). Para Teixeira Coelho, 1989 oferece, no mínimo, outra perspectiva sobre a pintura e seu lugar na arte alemã.

Veja galeria de fotos das imagens em exposição

Reprodução

Obra de Daniel Richter, uma das expostas

Folha - Qual o lugar da pintura alemã no mundo de hoje?
Teixeira Coelho - Um lugar de absoluto primeiro plano. Todas as tendências estão ali, do figurativo ao abstrato, do pós-pop "malpintado" (agora nas vestes da cultura de massa recuperada e revista) ao perfeccionismo técnico radicalmente complexo, do hiper-realismo ao devaneio poético. É uma arte que reabilita a tese de Hegel segundo a qual a pintura é a mais espiritual e imaterial das artes.

Folha - Quais são os artistas de maior destaque desta nova produção?
Teixeira Coelho - Neo Rauch é, sem dúvida, o grande nome atual. A seu lado estão artistas pouco conhecidos deste lado do mundo, como Katharina Grosse e Anton Henning. A mostra tem ainda dois pequenos "núcleos históricos" preciosos, um com os mestres "ocidentais" (Gerhard Richter, A.R. Penk, Markus Lüpertz) e outro com os mestres "orientais" aqui nunca vistos (Bernhard Heisig, Werner Tübke, Wolfgang Mattheuer).

Folha - A queda do Muro de Berlim, em 1989, e a reunificação alemã criaram uma nova ideia de arte na Alemanha?
Teixeira Coelho - No mínimo permitiram que se visse sob outra perspectiva a pintura e seu lugar na arte. Permitiram ver ainda que nem sempre o realismo socialista havia sido, de fato, realista e socialista no sentido que lhe dava a cartilha ideológica. E que era possível reutilizá-lo. Com o Muro de Berlim, veio abaixo o simplismo na representação artística e na crítica de arte. Não é pouco.

Folha - Como o socialismo da RDA e da cultura pop capitalista da RFA influenciaram a arte na Alemanha reunificada?
Teixeira Coelho - Arno Rink, professor da Escola de Leipzig, tem uma audaciosa fórmula: o Muro de Berlim protegeu a arte do Leste da influência de Joseph Beuys. Quando o muro caiu, foi possível ver como a recuperação da tradição alemã da pintura (de Cranach a Beckmann), praticada no Leste, ainda tinha um papel na arte. Mas os artistas do Oeste também deram o que era bem seu: a abertura para o prazer imediato e a corrosão de tudo, inclusive da arte.


“Vivemos graças ao caráter superficial de nosso intelecto, em uma ilusão perpétua. Para viver necessitamos da arte a cada momento, nossos olhos nos retêm formas, se nós mesmo educarmos gradualmente esse olho, veremos também reinar em nós uma força artística, uma força estética”. Nietzsche


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