Somos Arte

sábado, 7 de junho de 2008

Afinal, o Que é Arte?

AFINAL, O QUE É ARTE?

Nossa dupla natureza, posta entre a animalidade e a racionalidade, encontra expressão naquele mundo geminado do simbolismo, com sua voluntária suspensão da incredulidade.
(E.H. Gombrich, historiador da arte inglês).




A ARTE COMO PATRIMÔNIO COLETIVO
Se nessa organização de uma identidade própria e nas relações que ela estabelece com o espaço, o tempo e o mundo a arte desempenha um papel essencial, o que se dirá da importância do patrimônio artístico na constituição de uma identidade coletiva? A arte proporciona a expressão de sentidos compartilháveis, de um patrimônio coletivo cheio de reminiscências, sigilos e revelações. Através dele, nosso mundo interior tão pessoal e intransferível encontra o enlevo de se saber comum e partilhável. Com que prazer percebemos, na poesia ou na música, que os nossos mais singulares pensamentos e sentimentos encontram eco na criação alheia, mantendo com ela um universo de comunicação e troca!
A arte penetra em nós através da porta da sensibilidade, mantendo aberto esse canal com nossa natureza mais instintiva e – por que não? – animal. A cada emoção ou prazer que resulta do contato com o belo, nossos sentidos se renovam e se apuram num processo infindável de aprofundamento e recriação. A cada momento de arte nos tornamos mais aptos à captação da beleza do mundo e de seus significados.
A arte opõe ao mergulho no individualismo egoísta. Trabalha o incrível paradoxo de, tendo suas raízes na subjetividade e na interioridade, só se realizar em comunicação com o outro e com o mundo. Exige eco e comunicação, exige diálogo e controvérsia. Assim, mantém livres nossos canais de comunicação com o outro e com o mundo. Exige eco e comunicação, exige diálogo e controvérsia. Assim, mantém livres nossos canais de comunicação com o outro e com o mundo. Exige eco e comunicação, exige diálogo e controvérsia. Assim, mantém livres nossos canais de comunicação com o outro, ao mesmo tempo em que aprimora a consciência que temos de nós mesmos. É fonte inesgotável de interpretação o sentido. Por mais que nos detenhamos em sua observação, decifração e entendimento, mais nos confrontaremos com seu tempo e seu espaço, a arte atravessa a história e se apresenta virgem a nossas interpretações.
Ela registra tudo o que os artistas de todos os tempos quiseram comunicar e deixar inscrito em papel, pedra, pele de animais, argila, vinil ou celulose, aos seus contemporâneos e à posteridade – milhares de mensagens que constituem uma memória. E, dado o caráter universal desse fazer, esses registros são o substrato da história da humanidade.
Por tudo isso, pode dizer que nos tornamos mais humanos à medida que nos fazemos mais artistas, e que as conquistas do homem contemporâneo passam necessariamente pela consciência desse incalculável legado. Um legado que, como nenhum outro, só nos engrandece e orgulha por suas conquistas, intenções e realizações. Talvez seja esse o único patrimônio que o homem jamais renega ou rejeita como seu e que nos identifica, aproxima e universaliza.
De quantas ações de conteúdo estético é feita à vida? Nos espaços que ocupamos, o arranjo dos móveis não revela uma preocupação com a constituição do espaço, com a circulação das pessoas, com a criação de um ambiente que reflita nossas tendências e constitua nossa identidade?
As roupas que escolhemos como indumentária e linguagem visual não expõem nosso estado de espírito e a imagem que queremos vestir publicamente? E a maquiagem, o corte de cabelo, um gesto quase casual, não servem de máscaras que, escondendo e disfarçando, revelam uma maneira peculiar de nos colocarmos no mundo?
De quantas decisões de caráter estético são feitas as mais simples escolhas? A cor que nos identifica, o balanço do corpo com que nos locomovemos, a música que embala nossos sonhos, a entonação que damos à voz quando queremos nos aproximar de alguém, a maneira como desfilamos por entre as pessoas, tudo isso constitui um mundo de significados e símbolos estéticos que possibilitam a expressão de mil mensagens que trazemos dentro de nós.
Assim, somos uma fonte inesgotável de sentidos estéticos, tão inerentes à nossa identidade como o nome de nascimento. De forma tão instintiva como respiramos, vamos organizando, desde o nascimento, uma maneira própria de perceber e apreciar o mundo, através da descoberta contínua e permanente de suas propriedades estéticas. E de tudo o que o mundo pode nos oferecer de interessante, a beleza é seguramente a qualidade que mais emociona e encanta, que registramos mais facilmente na memória e a que adere naturalmente à nossa emotividade.

"A arte alcança sempre a finalidade que não tem."
(Otto Maria Carpeaux)
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