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domingo, 8 de junho de 2008

Arte Política e Censura

ARTE, POLÍTICA E CENSURA.

Se o conhecimento das relações que a arte mantém com a ação política – tanto conservadora como revolucionária – abriu espaço para o reconhecimento de sua importância, também alertou os diversos governos para o controle da produção artística, através de regulamentações e dispositivos que cercearam a liberdade dos artistas. Principalmente os regimes autoritários estabeleceram forte censura ás artes e, embora essa tentativa de controle da produção artística não seja nova na história, ela se tornou mais radical a partir do século XIX, à medida que a profissionalização e a autonomia do artista garantiram-lhe uma maior liberdade criativa.
No Brasil, desde o Modernismo, a censura se fez presente com maior ou menor intensidade. Em parte pelo próprio caráter renovador desse movimento e em parte porque ele coincidiu com uma tendência totalitária da déwcada de 1930. Nessa época política e durante todo o Estado Novo a censura usou de rigor e arbitrariedade contra os artistas.

O Modernismo no Brasil resultou de uma série de acontecimentos – debates, exposições e associações de artistas – que pregavam transformações na arte. Flávio de Carvalho, um de seus mais expressivos representantes, criou o CAM (Clube dos Artistas Modernos), em 1932, com o intuito de congregar artistas, possibilitar intercâmbio entre eles e enfatizar os aspectos sociais e políticos da arte. Dentre as atividades do CAM estava o Teatro de Experiência, que pretendia inovar política e esteticamente a ate brasileira. Esse teatro foi fechado depois da terceira apresentação da peça O bailado do deus morto. Pouco tempo depois, o CAM encerraria suas atividades.

Nos anos 60 e 70, durante o regime militar, a censura severa vetava músicas de artistas famosos como Chico Buarque de Holanda e Caetano Veloso, proibia peças de teatro, novelas de televisão, romances e espetáculos considerados imorais ou subversivos, isto é, capazes de transmitir opiniões críticas ou de oposição política. A produção artística dessa época, entretanto, foi das mais representativas, até mesmo por mostrar sua capacidade de resistência e denúncia. De forma sutil e velada, os artistas conseguiam driblar a censura e transmitir suas mensagens. Compositores lançavam mão de pseudônimos para escapar da censura – caso de Chico Buarque que, na década de 1970, compôs algumas músicas com o pseudônimo de Julinho da Adelaide – e autores de telenovelas criavam incríveis metáforas em que teciam duras críticas à sociedade – por exemplo. Jorge Andrade, na novela O grito, em 1975.
O desenvolvimento dos meios de comunicação de massa fez com que os governos criassem dispositivos ainda mais rígidos de censura, especialmente para o cinema, o rádio e a televisão. A discussão acerca da liberdade de expressão se aviva hoje com as redes mundiais de informação, como a Internet. Parece longe o tempo em que se julgava que a arte tinha por objetivo apenas a expressão de sentimentos e a satisfação da fantasia.



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