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domingo, 3 de agosto de 2008

0020. Estudos de Fragmentos: Membros Superiores e Inferiores

ESTUDOS DE FRAGMENTOS:
Membros Superiores

Os membros superiores são formados pelos braços, antebraços e mãos. Os inferiores referem-se ás coxas, pernas e pés. Tanto uns quanto os outros são responsáveis conjuntamente pela locomoção e equilíbrio do corpo humano, efetuando uma série de movimentos necessários para a existência dos seres humanos.
Propusemo-nos a estudar as características que possuem os fragmentos do corpo humano; para isso apreciaremos somente os membros superiores e inferiores, sem nos estendermos do estudo de outros (como o tronco, a pélvis, etc fragmentos.), que demandaria muitíssimo espaço, ao mesmo tempo em que nos levaria a trabalhos cuja profundidade escapa aos propósitos deste breve curso.
No desenho dos braços e pernas de um nu é preciso tomar certas precauções, para que não se desrespeite a proporção entre os membros superiores e inferiores, com prejuízo do conjunto; e esta é a razão pela qual aconselhamos a observar muito bem as medidas dos ditos membros em relação ao todo. Suponhamos a tarefa de desenhar um membro superior (figura 24).



As figuras 25 e 26 nos mostram aspectos distintos do trabalho.

Na primeira fase do desenho, podemos notar facilmente a inclinação natural de todo o membro superior, quando visto de frente: observe-se que os desenhos foram inscritos em linhas geométricas que facilitam a tarefa do desenhista. Temos uma idéia disso no quadro que encerra o conjunto, o qual nos serve de referência, permitindo a linha vertical estabelecer o grau de inclinação da linha oblíqua que, partindo do ombro, atinge a articulação do pulso. Temos uma idéia disso no quadro que encerra o conjunto, o qual nos serve de referência, permitindo a linha vertical estabelecer o grau de inclinação da linha oblíqua que, partindo do ombro, atinge a articulação do pulso.

As linhas oblíquas citadas, que abrange o conjunto formado pelo braço e pelo antebraço, nos ponta claramente as características do membro superior muito embora o braço forme um ângulo obtuso com o antebraço. Na primeira das figuras como se pode ver, foi traçado um eixo central no braço e o outro no antebraço; estes eixos ocupam o lugar correspondente aos ossos: O úmero para o braço, e o cúbito e o rádio para o antebraço. Cumpre ter em mente que os ossos do antebraço são mais curtos que o osso do braço, e que por esse mesmo motivo a medida do braço é sempre maior que do antebraço.
Como o leitor pode facilmente advertir, traçamos uma série de linhas que cruzam o braço e o antebraço da esquerda para a direita, com o fim de subdividir a massa geral; para que estas medidas sejam realmente úteis, convém compará-las, na qualidade de medidas de largura, com o comprimento total do membro superior, quando estivermos desenhando os braços isoladamente.
Quando pretendermos desenhar os braços, e estes fizerem parte do conjunto que desejamos reproduzir, por ser uma parte do nu, levaremos muito particularmente em conta que as diversas linhas traçadas perpendicularmente ao eixo do braço e do antebraço prestam um grande serviço o estudante, ensinando a comparar as diversas medidas de largura com o que estabelecemos ao mesmo tempo a espessura da zona em que se cruzam as linhas. No que se refere ás medidas de distância entre umas e outras, recomendamos compará-las sempre com a medida da cabeça do mesmo modelo, a fim de fugir a especulações científicas que poderiam, traduzir-se em complicações na tarefa do desenho. Por isso dizemos verbi gratia, que entre a articulação do ombro e de uma cabeça é um terço; por conseguinte, dividindo-se este espaço em duas partes iguais, estabeleceremos umas outras linhas divisórias, que nos fornecerá um ponto de referência em relação á axila, nos casos em que o braço se apresenta pendido. Da mesma maneira se estabelece à grossura deste no lugar em que a forma entra pela inserção do músculo deltóide que forma o ombro.
No antebraço, vê-se outra linha perpendicular ao seu eixo; ela determina a maior largura da região. Outra linha semelhante se encontra na articulação do pulso: linha estas, ambas, que a um só tempo nos indicam a largura do lugar em que se encontram e nos convidam a refletir sobre as espessuras de cada uma das regiões que elas assinalam, conduzindo-nos destarte á noção de que a forma humana deve, ser vista em suas três dimensões, para poder ser representada plasticamente na tela ou na escultura. Se aos fragmentos referidos acrescentarmos a mão, teremos três medidas da cabeça, a contar da axila até o dedo médio da mão aberta.

ESTUDO DE FRAGMENTOS:

Membros Inferiores

Para determinar as medidas da perna procedemos tal como o fizemos em relação aos braços, isto é, se tomarmos o total do membro inferior, compreendendo a coxa, a perna e o pé, teremos quatro vezes a medida da cabeça, a contar do relevo que apresenta o trocanter maior do fêmur até a planta do pé. Estas medidas podem, em seguida, ser subdivididas do seguinte modo: duas medidas da cabeça do plano em que se apóia um pé até a rótula, e outras duas medidas da cabeça a contar da rótula até o trocanter maior do fêmur.
As figuras 27, 28 e 29 nos mostram o membro inferior visto, assim como o braço, em suas três fases evolutivas.



Na primeira das citadas figuras vê-se o membro inferior na etapa inicial do desenho, isto é na fase puramente geométrica; na fase seguinte se esboçam as massas principais do claro-escuro e por fim, na terceira fase, se apresenta completamente acabado o claro-escuro, podendo-se então observar, bem definidos, os planos de luz, as meias-tintas, e as sombras mais intensas que modelam a forma.
Na primeira das ilustrações citadas vemos que o membro inferior está inscrito num retângulo vertical, no qual foram traçadas linhas oblíquas que cercam, em toda a sua extensão, o membro inferior, como que o envolvendo numa espécie de caixa; pelo centro do membro inferior foi traçada também uma linha obliqua que termina no pé, em forma de triangulo, a qual nos dá imediatamente uma idéia da arquitetura deste. Uma vez traçadas as linhas oblíquas já citadas, ocuparemos em desenhar uma série de linhas horizontais que dividem a coxa e a perna em diversos lugares; uma destas medidas indica a articulação do joelho, as demais assinalam a
maior ou menor largura da coxa, conforme seja necessário para compreender o desenvolvimento da forma nessa região.

A perna oferece as mesmas características: vemos que nela foram traçadas linhas que determinam a largura máxima da forma na barriga da perna; e de igual modo se indica a largura que tem ela na sua articulação com o pé. Estas divisões nos permitem traçar as linhas curvas que exigem os relevos, tanto os da coxa como os da perna. Cabe aqui recordar que à distância que medeia entre as ditas linhas nós obteremos sempre recorrendo á medida da cabeça do mesmo modelo; e insistimos em que tais medidas se devem tomar usando sempre como módulo a cabeça do mesmo modelo, porque acreditamos estar assim prestando um grande serviço ao estudante, poupando-lhe a investigação de numerosos cânones usados deste a antiguidade. Parece-nos muito mais fácil tomar o modulo da cabeça do próprio modelo, porque deste modo se lhe irá acentuando as características, visto que os cânones antigos sempre serviram de preferência para determinar um tipo ideal, atendendo ás concepções estéticas de cada uma das épocas históricas.
Na figura seguinte 28 temos a coxa, a perna e o pé com a indicação sintética de seu claro-escuro; nesta segunda fase foram claramente separadas as massas de luz e as sombras mais intensas, reservando-se para a terceira etapa (figura 29) o acréscimo das meias-tintas, bem como o reforço das sobras mais intensas, de maneira a deixar bem nítida o modelado.

Não se esqueça, além do mais, de que o sombreado deve ser trabalhado de modo que os relevos tenham sua expressão própria, procurando dar-se unidade aos planos com o auxílio das meias-tintas. Se observarmos essas regras do sombreamento, evitaremos o aspectro desagradável que tem as formas humanas incorretamente representadas em certos quadros ou esculturas, nos quais o autor arredonda todo o modelado, como se estivesse configurando cilindros. De fato talvez não se conheça nada mais inexpressivo do que uma perna ou um braço com o aspecto de um cilindro, sendo certo que tal defeito denota no autor do desenho uma falta de compreensão da forma, que é de ser expressiva e em caso algum provoca a sensação da redondeza completa. Toda forma tem sempre, ao lado do seu plano arredondado, um plano que pode ser reto ou apenas curvo, resultado da combinação de ambos o seu equilíbrio perfeito, que é uma das causas da riqueza da obra. Da expressividade de cada traço resulta, afinal, a expressividade da obra no seu todo.




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