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sexta-feira, 28 de agosto de 2009

0037. Terceira Fase de Um Desenho de Nu

Terceira Fase de Um Desenho de Nu



Na segunda fase de nosso trabalho, alongamos-nos acerca da necessidade de ajustar o desenho e dar-lhes o primeiro tom de claro-escuro.
Já sabemos que, para fazê-lo de forma orgânica, devemos assinalar a luz mais intensa e a sombra mais acentuada.
Evitaremos assim trabalhar sob o influxo da noção errônea de começar pelos pormenores para chegar ao todo. Ao desenhar um nu devemos proceder como procederíamos ao desenhar qualquer outra coisa que nos ocorresse. Partiremos sempre do todo para as partes, que no que se refira aos estudos das formas, realizadas simplesmente com o auxílio de linhas, quer também quando houvermos de tratar do claro-escuro. Sabemos que é absurdo, por exemplo, acrescentar as sombras fortes, as meias-tintas, os reflexos, e as luzes a uma obra resolvendo-a por pedaços isolados.
Dado o tom geral das sombras, passaremos á terceira fase do desenho.
Chegaremos aqui, observaremos detidamente o modelado ao desenho com o propósito de acrescentar a meias-tintas que, numa transição suave, envolvem o modelo. Vemos em nosso exemplo da figura 34 que, com diversos graus de intensidade, os tons são mais luminosos á medida que se aproximam da luz. Em nosso modelo as luzes e as meias-tintas querem cercam a cabeça são muito mais brilhantes, por exemplo, do que as luzes e meias-tintas que envolvem a perna e o pé; e, sendo assim, esforçarmo-nos por estabelecer uma perfeita graduação do claro-escuro, entre dois extremos.



Analisado a cabeça em conjunto, vemos que o cabelo tem, na parte da nuca, um intenso tom de sombra, enquanto que a testa aparece como um plano de luz, existindo deste a raiz do cabelo uma meia-tinta que estabelece a passagem entre os extremos. O rosto está quase inteiramente envolto em luz, pois apresenta apenas uns pequenos planos de meia-tinta, alías bastante luminosos. Outra meia-tinta envolve o pescoço e o maxilar inferior; para separar as duas massas, pôs-se um suave reflexo da luz nessa meia-tinta, assinalando o maxilar inferior.
O tronco aparece quase completamente envolvido por meias-tintas, visto que a zona luminosa está oculta pelo braço direito. O escuro mais forte está no plano do calção, cujo tom escuro tem seu equivalente na sombra projetada pelo tronco e os prismas sobre a parede. Os pontos mais luminosos da zona estão no ombro, no braço e no ventre. Esses últimos planos de luz permitiram destacar o braço pelo contraste que se produz com a sombra deste último. Isto acentua o efeito da distância que existe entre ambos.
A parte superior da coxa direita do modelo está iluminada. Não obstante, sua luminosidade é menos brilhante que a do rosto e dos ombros, em virtude de estar mais distante do foco de luz. Além disso, vemos que a coxa direita, por estar em primeiro plano, está mais iluminada do que à esquerda; mediante este recurso se obtemos relevo necessário, que permite destacar a massa mais próxima, trazendo-a para frente por efeito do contraste. A parte inferior da coxa está envolta por uma meia-tinta geral bastante escura, a qual apresenta pontos mais intensos perto do joelho. Ao mesmo tempo, notamos nessa zona a presença de pequenos reflexos, com as quais se enriquece o modelado, e se isola a coxa da sombra projetada.
A perna direita, como pertence á zona mais afastada do foco de luz, está envolta por sombras de dons mais leves. Em toda ela não encontramos pontos mais brilhantes, pois a parte anterior tem como luz meias-tintas, estando as regiões laterais e posterior envolta em sombras bastante forte, embora seu tom não cheque a o negro do calção. Por outro lado, é interessante observar que a intensidade de tal sombreado equivale á do que apresenta o joelho esquerdo do modelo.
Entre a perna direita e os prismas aparecem o calcanhar do pé-esquerdo envolto em suave meia-tinta e luz, que estabelecem contrastes entre ambos, de um modo admirável. Além disso, esse plano de luz, conquanto tênue, foi posto atrás da perna direita, que está em sombra, com o objetivo de destacar esta última. A não ser assim, ficariam fundidos entre si todos os planos da região, o que lhe roubaria o interesse e importância. O mesmo acontece com as sombras projetadas pelas pernas sobre as caixas, as quais, sendo retas, contribuem para dar realce ao conjunto, pelo equilíbrio com as curvas, como já estudamos no capítulo dedicado á harmonia das linhas.
A fundo desse trabalho está resolvido de tal maneira que contribui para dar a idéia não somente da terceira dimensão, como também das dos planos verticais sobre os quais se destaca o modelo. Essa diferenciação foi conseguida por meio da diferente intensidade das sombras, das quais uma - sobre a qual distinguimos todo o perfil anterior do modelo - é própria da parede. Ao passo que a que se projeta sobre o plano em perspectiva, e em que se apóia o modelo, é produzida pelo volume deste último e pelos prismas. Como a luz está em frente ao modelo, iluminado-o intensamente, a sombra por ele projetada é muito escura e delineada. Por outro lado, como a outra parede não recebe a luz senão indiretamente, e, portanto, enfraquecida, a sombra - própria, neste caso, como já dissemos-será, geralmente, uma meia-tinta. Está poderá ser reforçada em sua intensidade, de desejar destacar um pouco mais os perfis do modelo, dando assim maior realce ao conjunto.




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