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sábado, 9 de outubro de 2010

0067. Mercado de Arte

Mercado de Arte

A obra de arte possui um valor financeiro diretamente proporcional à sua qualidade, e inversamente proporcional à sua quantidade. Isso significa que uma pintura de boa qualidade, de um artista de numerosa produção, financeiramente valerá menos que uma outra também de boa qualidade, de um pintor de escassa produção.
Além da qualidade e da quantidade, outro elemento influi ainda sobre o preço da obra de arte: a evolução do gosto. Assim, varia o gosto artístico de século para século, como varia de região para região.
Do ponto de vista cronológico, não é raro que um século negue, no todo ou em parte, a produção artística do que o precedeu. É o que acontece presentemente com neoclassicismo, o qual, após ter sido o estilo oficial napoleônico, com o advento do romantismo e do impressionismo passou a serem menosprezadas pela crítica, com ampla repercussão negativa na cotação financeira de pinturas, esculturas, etc. Tendo em vista, porém, que tais depreciações alternam, freqüentemente, com bruscas revalorizações - e aí está, por exemplo, o caso da arte gótica para prová-lo, nada impede, teoricamente, que o neoclassicismo venha ainda a sofrer, mesmo no séc. XX, um processo de revisão idêntico ao por que passou o estilo barroco, dele saindo engrandecido.
O interesse por determinadas obras varia também de região a região. O artista francês Jean-Baptiste Debret é mais apreciado no Brasil do que em sua terra natal, o mesmo acontecendo com o holandês Franz Post; era natural que suas gravuras e seus quadros alcançassem, aqui, preços mais elevados do que na Europa.
Fator material a atuar sobre a cotação financeira da obra de arte é o seu estado de conservação. Evidentemente, uma gravura dotada de pouca margem valerá sempre menos do que outra bem marginada do mesmo autor; uma pintura, mesmo de um grande mestre, sofrerá forte depreciação monetária caso apresente deteriorações notáveis, motivadas pelo tempo ou por uma restauração desastrada.

UN DINER BRÉSILIEN, 1827 - AGUARELA 15,9 X 21,9 cm -
JEAN- BAPTISTE DEBRET

Do ponto de vista da crítica e da história da arte, o mercado de arte tem sido responsabilizado, muitas vezes, pela subversão do gosto público e pela inversão dos valores estabelecidos. Sobretudo no que concerne à arte contemporânea, não é raro que o marchand-de-tableaux - essa figura de plasmação recente, diferente do antiquário porque, ao contrário deste, não espera pelo público, e sim vai a ele com todo o poderio publicitário de que dispõe -, resolva erigir em nome de primeira grandeza o artista apenas discreto de que possua em depósito boa quantidade de obras.
Com os grandes mestres, fenômeno interessante ocorre: o público já não adquire essa ou aquela pintura em razão de sua qualidade estética, mas por ser de fulano ou beltrano. Recentemente, um quadro que se atribuía a Gauguin e pelo qual se pedia grande soma teve seu valor incrivelmente diminuído quando a verdadeira autoria, de um pintor, também importante, que apenas sofrera a influência de Gauguin, veio a ser conhecida. Pelo mesmo motivo, no mercado de arte, na Europa e nos Estados Unidos, encontram-se ainda excelentes obras de pintura e escultura adquiríveis a preços relativamente baixos, apenas porque se lhes desconhece a autoria.

Paul Gauguin
Two Tahitian Women with Mango Blossoms. 1899.
Oil on canvas. The Metropolitan Museum of Art, New York

Paul Gauguin
Girl with a Fan. 1902.
Oil on canvas. Folkwang Museum, Essen, Germany.

Paul Gauguin.
Madeleine Bernard. 1888.
Oil on canvas.
Musée de Peinture et de Sculpture, Grenoble, France.





Enciclopédia Barsa. Editor Willian Benton. Volume II páginas 202 á 203



“Vivemos graças ao caráter superficial de nosso intelecto, em uma ilusão perpétua. Para viver necessitamos da arte a cada momento, nossos olhos nos retêm formas, se nós mesmo educarmos gradualmente esse olho, veremos também reinar em nós uma força artística, uma força estética”. Nietzsche.


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